Caso Kathlen: já são 63 pessoas vítimas de bala perdida no Rio em 2021

Kathlen Romeu, de 24 anos, foi morta ontem (09/06) após uma troca de tiros entre policiais e bandidos. A jovem é uma das 17 vítimas fatais de bala perdida na Região Metropolitana do Rio, segundo dados do Instituto Fogo Cruzado.

O levantamento mostra que neste ano, outras 46 pessoas ficaram feridas por conta também de bala perdida. Em relação a 2020, o número de mortes aumentou. No mesmo período do ano passado, foram 66 vítimas, 11 delas morreram e 55 ficaram feridas.

O termo “bala perdida”, usado na pesquisa do Fogo Cruzado, tem sido contestado nas redes sociais. Entre os principais temas estão o questionamento de quais corpos são os principais alvos. O advogado e diretor do Instituto de Defesa da População Negra, Joel Luiz Costa, falou sobre a presença do Estado em ações que terminam com vítimas de tiros com autores não identificados.

O ativista Átila Roque também responsabilizou a polícia pela popularização do termo que segundo ele vem sendo usado para ocultar o que de fato ocorreu.

Letalidade Castro

No primeiro mês de Cláudio Castro como governador em exercício, em outubro de 2020, o número de mortes por policiais foi 5 vezes maior do que no mês anterior. Segundo dados da Rede de Observatório da Segurança, somente naquele mês, a polícia foi responsável pela morte de 63 pessoas.

Um aumento de 425% em relação a setembro, em que foram registradas 12 mortes. Castro acaba de completar seu primeiro mês como gestor oficial do estado. Os dados de mortes por policiais já impressionam.

Um dos casos mais emblemáticos foi a Chacina do Jacarezinho, que ocorreu cinco dias após a posse de Castro. A operação resultou em 29 pessoas mortas e recebeu elogios do novo governador. Até o momento, Castro ainda não se pronunciou sobre o caso da Kathlen.

Quase 700 mulheres foram baleadas desde 2017 na Região Metropolitana do RJ

Quase 700 mulheres foram baleadas na Região Metropolitana do Rio de Janeiro de 2017 até este ano. O levantamento consta na plataforma de dados Fogo Cruzado, e contabiliza tanto as vítimas baleadas em operação quanto as de homicídios.

Ao todo, foram 681 mulheres atingidas por disparos de arma de fogo, das quais 258 morreram. De 2017 para cá, 15 vítimas baleadas estavam grávidas; oito morreram.

“Rio precisa parar com a caça de pessoas negras nas favelas”, afirma Ouvidoria Pública

A Ouvidoria do Estado do Rio de Janeiro já está em contato com a rede de acolhimento da família de Kathlen. Segundo informações do órgão, os familiares de Kathlen foram até o IML esta manhã acompanhados por representantes da OAB-RJ. O ouvidor da Defensoria Pública, Guilherme Pimentel, afirmou que a família da vítima está atordoada.

“Este é um momento difícil em que eles precisam lidar com os trâmites legais depois do dia caótico de ontem. A comissão de direitos humanos vai atuar em parceria com a OAB para garantir que a família seja acolhida e receba todo o atendimento jurídico e psicossocial que precisarem”, afirmou Pimentel.

“Uma jovem negra, mãe solo, passando por dificuldades financeiras e que trabalha vendendo bananada com seu filho no colo. Se ela furtou para comer, como terá R$ 500 para pagar ao Estado? Isso não faz sentido, e mostra como o ordenamento jurídico é pensado totalmente dissociado do efetivo contexto social de um país pobre e que não superou as chagas sociais, como o racismo, machismo, classismo e demais opressões”, completa.

Matéria publicada originalmente pela Yahoo Notícias!. Imagem: Reprodução/Instagram.


Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado.